Foi em 1991, na Alemanha, nasceram os 3 caracteres que fizeram tremer as discográficas: M, P e 3.
O
Mpeg Audio Layer 3 é um formato de compressão que elimina frequências que o ouvido humano não consegue ouvir, reduzindo assim o tamanho de uma música por um factor de 10, o que o torna perfeito para circular na internet. No entanto, só em 95 foi tornado público e desde então a sua ascenção não tem parado. A palavra "Mp3" é o segundo termo mais procurado de sempre na internet, a seguir a "Pamela Anderson".
A história do trafico de música está intimamente ligada ao Napster. Antes do napster, o download de músicas como as viagens marítimas no tempo dos Descobrimentos. A Internet ainda era uma coisa inexplorada, reservada a alguns geeks e
early adopters. As trocas efectuavam-se em meios mais restritos tipo mIRC, ou newsgroups. Mais tarde começam a aparecer sites menos selectivos tipo mp3.com ou allmp3.com. Por esta altura baixar uma música demorava facilmente 35 mins, isto se a chamada não caísse.
Em 1999,
Shawn Fanning (com 18 anos na altura) apercebe-se que se as músicas e as ligações começam a pesar nos tímidos servidores da altura. Pensou que se os internautas partilhassem a música entre si, a carga total do sistema seria dividida por todos. Nascia o
Napster. Com 26.4 milhões de utilizadores online no seu apogeu, com o Napster começava a era da música grátis.
No entanto a festa não ia durar muito. O Napster é processado pela
RIAA perde, ganha, perde e ganha à última da hora, mas no fim (Setembro de 2001) faltam-lhe os tomates (e os fundos, porque os processos não são baratos) e
concorda em fechar o seu servidor central.
O calcanhar de Aquiles do Napster: O seu servidor central.Toda a publicidade em torno do processo teve o efeito contrário ao desejado (pelas discográficas) e milhões de pessoas começaram a sacar música como se não houvesse amanhã. O número de utilizadores do Napster aumenta brutalmente e os downloads disparam.
A poeira ainda não tinha assentado, já estavam em jogo
várias alternativas de segunda geração. Estes programas de "segunda geração", como são conhecidos, aprenderam a lição do Napster e já não dependem do index central.
Rede tipo "KaZaA": 100% descentralizada.As redes de partilha de segunda geração já não têm servidor central; em vez disso cada utilizador faz de servidor e encaminha os pedidos e as respostas dos 6 ou 7 PC's mais proximos de si, "doando" 10% da sua ligação. Esta abordagem torna as redes virtualmente indestrutíveis, pois enquanto houver 2 clientes ligados, a rede subsiste.
Foi esta arquitectura que dominou o "mercado" dos programas para sacar, nomeadamente através da rede
FastTrack, que chegou através de Portugal via KaZaA.
A rede FastTrack (à qual o KaZaA pertence) foi a mais popular até Outubro de 2004, altura em que começou a entrar na moda o download de filmes. Para filmes, havia alternativas mais bem posicionadas: nomeadamente a rede
ed2k (
eMule) e o
BitTorrent (
Azureus), que são optimizados para ficheiros grandes (>100MB).
A rede ed2K tem cerca de 3 milhões de utilizadores online, enquanto que o BitTorrent tem uns (espectaculares) 55 milhões de utilizadores, que sozinhos são (também espectacularmente) responsáveis por
30% de todo o trafego na internet.
Tanto o BitTorrent como o eMule são híbridos entre a primeira e a segunda geração de programas de partilha. O eMule tem servidores centrais onde as pessoas se encontram, mas além disso também implementa um protocolo descentralizado conhecido como o
Kad que funciona muito como o KaZaA, para acelerar a procura de fontes e diminuir a carga nos servidores. Se todos os servidores fecharem, o eMule viverá apenas com o Kad.
O BitTorrent é algo completamente novo. Cada ficheiro partilhado tem um "
tracker" que faz de anfitrião entre as pessoas que têm esse ficheiro disponível. Para iniciar um download basta sacar o tracker que o programa rapidamente faz o resto. Enquanto isto é uma arquitectura robusta, estes trackers têm que estar armazenados em algum sítio (
sites, geralmente) e esses sites podem ser alvo da fúria das autoridades.
E o futuro? Fica para depois.