segunda-feira, julho 18, 2005

eMule

Sou um utilizador frequente e grande adepto do eMule. O eMule (quem não sabe o que é o eMule, provavelmente vive na idade das trevas e usa essa coisa obsoleta que é a o Kazaa) é um programa open-source de partilha de ficheiros P2P - um programa para "sacar" musicas, filmes e o ocasional pôrno.

O emule é especialmente eficiente com ficheiros grandes (dezenas de megabytes). São absolutamente verdadeiros os cenários de estar à espera por uma musica ou um video pequeno dias a fio. Por outro lado, histórias em que se saca 1 GB por noite não são exageradas nem incomuns. Em que é que ficamos? Nos dois.
Para melhor compreender o funcionamento do emule, imaginem um grupo de pessoas à volta de uma mesa a trocar páginas de um livro entre si. Cada pessoa tem algumas paginas do livro, e colectivamente elas têm o livro todo. Ao estarem sentadas nessa mesa, todas as pessoas são obrigadas a partilhar as páginas soltas que já adquiriram. O que vai suceder é que estas pessoas vão efectuar trocas interesseiras até que cada uma tenha o livro completo. Com interesseiras, quero dizer que cada pessoa vai levar em conta quanto é que cada uma das outras lhe deu ultimamente e há quanto tempo é que estão há espera. Com base nesses factores faz uma fila de espera.
Ora, livros maiores têm mais paginas, e se têm mais paginas, têm mais potenciais dadores para nós, a parte interessada. Esse é um motivos pelos quais ficheiros grandes têm mais fontes e tendem a ter uma velocidade média de download mais elevada. Mas não é só. A outra prende-se intimamente com a natureza forreta e egoísta do ser humano. Os apoiantes do P2P tentam desesperadamente fazer com que as pessoas partilhem incondicionalmente os seus ficheiros, mas na realidade as pessoas só partilham aquilo que tiverem absolutamente que partilhar. Voltando à metáfora da mesa, cada uma daquelas pessoas ao estar sentada é obrigada a partilhar as paginas que já tem. Quanto mais tempo estiver sentada na mesa, é mais tempo que essas paginas ficam disponiveis para outros. Mas certamente que, mal o livro esteja completo, se vai levantar, porque nada ganha em ficar. Mais uma vez, ficheiros maiores levam mais tempo a sacar - mais tempo na mesa a partilhar.

Outra particularidade vital do eMule (na minha opinião a principal responsável pela sua ascenção no nosso país) é a de permitir filtrar o trafico nacional do resto. Isto é útil para a grande maioria das pessoas, já que geralmente têm um tarifário tipo Sapo Adsl ou Netcabo (ambos da PT e ambos uma merda - vejam o clix 2MB) que têm limites diferentes para consumos nacionais e internacionais. O que isto quer dizer é que se quiserem "adquirir" a triologia do Senhor dos Aneis (para cima de 8GB) e tiverem um tarifário Netcabo 256 a façanha vai-vos custar 24 contos no fim do mês se o filme vier do estrangeiro.
Perante esta evidencia não tardaram em aparecer servidores portugueses (imaginem bibliotecas gigantes onde as pessoas se sentam nas supracitadas mesas metafóricas), com portugueses e para portugueses. O resultado quase imediato disto é o aparecimento de conteúdos exclusivamente portugueses, dos quais o Gato Fedorento é o melhor exemplo e a pornografia amadora, o pior.

1 Comments:

Blogger zaok said...

DC addicted.
Nunca usei essa muladora, DC 4 EVER :P

Gostei especialmente da metáfora. Se nessa mesa se pudesse coversar, pedir livros novos uns aos outros, e tirar palavras (files pequenos, musicas, etc) então tens o DC ! *

4:24 da tarde  

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