O meu dia de anos

Todos os anos recebo mensagens de parabéns mais ou menos iguais (o que não me choca nada, porque todos os meses mando mensagens de parabéns onde só muda o nome). Em todas elas me perguntam o que é que eu vou fazer e algumas pessoas inclusivamente sugerem que eu tenha um dia em grande. Este ano decidi levar essas mensagens a sério.

Acordei por volta das 7, o sol tinha acabado de nascer. Acordei cedo porque tinha o instrutor de queda livre à minha espera e não queria apanhar transito na A5. No caminho disse ao Jarbas para evitar o Marquês (as limusinas não se dão bem com rotundas). Cheguei lá um bocado atrasado e o Cessna já estava a aquecer os motores e o Emanuel (instrutor) já tinha carregado os pára-quedas para o avião. A cerca de 2000 pés o piloto deu o sinal e nós saltamos. A descida foi gira, mas acho que não teve bem o impacto que as pessoas que me mandam mensagens a recomendar um dia em grande esperariam. Foi para isso que pedi o Testarrossa emprestado.

A viagem foi um bocado lenta, para as minhas expectativas...lisboa-algarve em 1h 15m é um bocado, para quem vai a 260, não acham? Bom, aquele episódio com o policia não favoreceu a média, mas eu expliquei-lhe que fazia anos e ele disse "ah, então o senhor está claramente a ter um dia em grande, faz favor de circular!". Voltei a chegar atrasado e pedi desculpas ao Gigi. O gajo disse que não havia problema - afinal, um dia em grande é um dia em grande.
Comi um peixinho grelhado (não sei se era um peixe, acho que era um espécie de baleia, daquelas que estão em extinção), que estava "daqui". Convidei o Scolari para almoçar, e aproveitei para lhe atirar umas verdades à cara (sobre selecção e aquele bigode anos 80). Fiquei com a sensação que ele não gostou de ouvir (especialmente a parte do bigode), mas como eu fazia anos e estava a ter um dia em grande, fechou o bico.

Depois do almoço dirigi-me ao aeroporto, porque nem a 260 iria chegar a horas ao Oceanário, que fecha às 8 e eu tinha que estar lá 2h antes para equipar, verificar as garrafas de ar, afiar os facalhões, etc. Os mergulhadores do oceanário são muito rígidos e só me deixaram mergulhar com eles porque, enfim, é só uma vez por ano. Aproveitei a viagem de helicóptero até lá para ver as melhores partes do "jaws", para me meter no espírito certo, o que foi um erro, porque depois de ver o "jaws" a devorar metade de um barco, os tubarões do Oceanário não têm piada nenhuma, nem sequer provocados.

A hora do jantar aproximava-se e eu estava cheio de curiosidade para saber se o bife do Elefante Branco era tão bom como diziam. Ao jantar aproveitei a ocasião para conhecer melhor a Andrea (a puta chic que me fez companhia) e praticar o meu italiano.
O resto da noite deixo a cargo da vossa imaginação, mas uma coisa é certo: foi em grande!